Dr Zemilson Bastos B. Souza*

Os problemas pertinentes a manutenção dos direitos nos cuidados no fim da vida ocorrem em todo o mundo. Ao ser considerado apenas o diagnóstico de câncer e doenças do sistema circulatório, a realidade mundial configura-se de forma heterogênia e diretamente relacionada as características políticas e econômicas de cada região e países.

   No Brasil, os fundamentos conceituais que envolvem o fim da vida são constituídos por um conjunto de expressões, que por vezes confundem a sua compreenção e resultam em equívocos interpretativos. Dessa forma corroboram negativamente para o desenvolvimento de estratégias de saúde de uma maneira mais ampla e inclusiva. O sistema de saúde dicotomiza-se em serviços públicos1 e privados2 . Cerca de 27,9%3 da população encontra-se amparada por serviços de saúde privados suplementares4 , com alto consumo de recursos financeiros, diretamente relacionados a crescente demanda por tecnologia.
   O Cenário caracteriza-se pela valorização da assistência de alta complexidade, onerosa e altamente tecnológica. Um contrasenso, quando avaliamos a Declaração de Alma Ata5 , que nos últimos anos do século XX, propunha a priorização da assistência nos cuidados primários. As linhas de cuidado são frágeis, praticamente inexistentes, o que demonstra que o modelo mantém um caráter territorialista sob o ponto de vista da assistência, que dificulta a integração dos diversos níveis de cuidado, fundamental para a prevenção, segurança e resultado terapêutico para o enfermo. Torna-se necessário o desenvolvimento e gestão de linhas de cuidado integrais, que possam oferecer processos, fluxos, protocolos assistenciais, planejamento terapêutico e projetos de prevenção, desde a assistência básica a alta complexidade6. Desta forma, estariam cobertas desde ações de prevenção a doenças até os cuidados no final da vida, para os pacientes com doenças ameaçadoras da vida; e suporte ao luto para os cuidadores.

*Responsável PSF Brasil